O que você vê em comum nestas três frases?
- Você irá participar de uma entrevista para uma vaga de emprego;
- Você irá fazer a apresentação de um trabalho em público;
- Você está entrando pela porta, no primeiro dia, em uma nova empresa.
O comum nestas três frases é o frio na barriga. São as preocupações. O nosso medo! Medo de não ser aceito para a vaga, medo de travar em frente ao público, medo de não se sair bem logo de início.
Portanto, eu peço que você faça as seguintes perguntas a si mesmo (a): “Quantas vezes por dia eu sinto medo? O quanto ele me sabota e me prejudica?“
A fim de compreender como o medo age em nós, pesquisadores foram investigar os pardais na floresta!
Os estudiosos decidiram criar dois grupos. No primeiro deles, isolaram-nos de seus predadores, enquanto o segundo grupo foi colocado em uma área distante do primeiro. Nesta área, foram colocados alto-falantes com simulações de ruídos pavorosos de seus predadores.
Então, em uma parte, os passarinhos podiam ficar tranquilos. Já na outra, eles estavam submetidos aos perigos de supostos inimigos, sem saber que os ruídos vinham de alto-falantes.
O resultado deste estudo foi surpreendente, veja:
O grupo submetido a ruídos de falsos predadores foi muito afetado.
- Eles puseram cerca de 40% menos ovos do que os pássaros no lado tranquilo da floresta;
- Alguns dos filhotes não conseguiram sobreviver, pois os pais amedrontados nem sempre traziam alimentos;
- Os filhotes que sobreviveram eram muito mais fracos do que os do grupo em comparação.
Para os estudiosos, toda a natureza dos passarinhos foi afetada pelo estresse do medo crônico.
Qual a semelhança entre o medo destes passarinhos e o estresse humano?
O estresse dos animais é biologicamente muito semelhante ao dos seres humanos causado pelas preocupações diárias, mesmo que, para nós, o medo dos predadores já não exista mais — afinal, para nós, seres humanos, existe uma complexidade maior em sentir medo.
Então, a velocidade das mudanças, as expectativas de ideais difíceis de se realizar, os conflitos, tudo isso desencadeia, dentro dos circuitos primitivos dos nossos cérebros, uma série de ordens que nos remetem a emoções similares às de nossos ancestrais.
E estas ameaças podem até ser físicas — claro, como um cão que nos assusta —, mas, muito mais poderosas, são as de cunho psicológico e até moral.
Um estudo da Universidade da Pensilvânia constatou que o medo de algo real ou imaginário pode nos confundir e obrigar a escolhas equivocadas. A bioquímica do organismo pode entrar em desarmonia, igual ao resultado obtido no estudo dos pardais.
Mas o medo possui duas vertentes: a da hostilidade, que já te expliquei, e também o seu lado saudável. Atualmente, a nossa vida não é mais linear, continuaremos enfrentando altos e baixos.
Desta forma, em alguns momentos, o medo também pode nos ajudar, nos preparando para superarmos situações de perigo.
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Como lidar com emoções difíceis?
Vamos começar com uma constatação: segundo o filósofo Sêneca, nós “sofremos mais em nossa imaginação do que na realidade”.
Seria ótimo se existisse um simples botão que desligasse as preocupações excessivas que nos machucam, enquanto resolvemos os nossos problemas.
Mas, se não há esse mecanismo, como começar a aprender a se desvencilhar dessas vozes, desses gatilhos mentais negativos que — além do ponto — passam a nos prejudicar?
Três estratégias para te ajudar:
Duas vêm do autor Rolf Dobelli, em seu livro: “Como pensar e viver melhor”, e mais uma vem do autor de vários livros, Contardo Calligaris.
1. Adote o hábito do diário:
Aqui você deve pensar em avançar pontinhos, como se fossem pílulas de autoconhecimento, todos os dias.
Afinal, desde os Oráculos na Grécia — que eram profecias, feitas por sacerdotisas auxiliadas por vários sacerdotes — o aforismo, “Conhece-te a ti mesmo”, já chamava a atenção para como se pode aprender mais estudando os sentimentos que influenciam os nossos pensamentos e ações.
Como nos conhecer se não tiramos tempo para isso? Estamos acostumados a viver no modo de piloto automático. Entretanto, com a estratégia do diário, é necessário que você preste mais atenção aos detalhes do seu dia.
Sendo assim, pegue um caderno e dê o nome de “Diário das Preocupações”. Em mais ou menos 15 minutos do seu dia, anote tudo aquilo que causa preocupação e apreensão em sua vida.
O segredo é escrever o que vier à sua mente, sem julgar — apenas escreva. Você não irá mostrar a ninguém. Tente descrever fatos e sentimentos, como se estivesse contando para o seu confidente, terapeuta, melhor amigo.
Agindo assim todos os dias, o seu cérebro saberá que, ao invés de fugir das preocupações, elas não foram ignoradas por você. Elas vão se esvaziando, e uma coisa é certa: cada dia que se passa, elas terão menos poder sobre você.
Além disso, se você tirar para ler as suas anotações a cada final de semana, é bem provável que você constate que a maioria delas se dissiparam, e que o que restou para você resolver são apenas os problemas reais.
2. Escolha algo e se preocupe com isso:
Pode ser um trabalho concentrado, um hobby, esporte, ou qualquer outra coisa que retenha a sua atenção. Algumas pesquisas mostram que, quando treinamos para colocar a nossa atenção em algo que gostamos, nós nos mantemos no momento presente.
Treinar a viver o agora nos ajuda a desativar cada vez mais estas redes neurais do negativismo que antecipam preocupações futuras.
3. Entrei em pânico, o que fazer?
Tenha sempre consigo um excelente chocolate. Numa crise assim, vá para algum lugar, sente-se e faça mentalmente uma recapitulação de tudo o que você fez na sua vida.
Conte a sua história para você mesmo (a), enquanto saboreia o chocolate.
O cacau presente no chocolate tem ação sobre o humor pela ação do neurotransmissor serotonina, além de aumentar também a produção de endorfina e até de cortisol, o agente redutor de estresse.
Enquanto isso, com calma, você vai fazer uma autobiografia. Você controla a sua história, contando do seu jeito. Mesmo nas partes mais difíceis e dolorosas, é preciso que você respeite isso. Afinal, somente você sabe contar a sua história.
Por exemplo: “Eu sou fulano (a), comecei assim, fiz isso, isso, depois casei, tive filhos, moro em…”. Você deve terminar quando chegar na grande crise que está te abalando. Pode parecer trivial, mas vá fazendo a sua mente passar por toda uma vida, que é a sua.
Este exercício tem um extraordinário poder de sedação, porque você vê algum significado na sua vida, que é exatamente o que procuramos o tempo todo. Rememorar feitos nossos, conquistas, ajuda muito.
Significado é tudo o que buscamos!
As preocupações fazem parte das nossas vidas e todo o nosso esforço deve ser — sempre — o de minimizar o nosso sofrimento.
Vá com calma.
Você vai conseguir!
Vá em frente sempre!
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