Você consegue equilibrar os três tipos de foco?
Preste atenção nesta frase que eu escolhi para começar o nosso vídeo de hoje:
Foco não é apenas optar pelo importante, mas também saber ignorar o que não tem importância.
Sim, o tema de hoje é foco.
E nada melhor do que a obra homônima do mestre Daniel Goleman para nos conduzir,
de forma segura, pelas armadilhas deste mundo cada vez mais repleto de distrações.
Para o autor, a atenção está intimamente ligada ao sucesso profissional.
Concorda?
A história de foco de um vigilante
Ouça com atenção esta história contada por Daniel Goleman:
John Berger é vigia de uma loja de departamentos em Manhattan – mas poderia muito bem trabalhar aqui no Brasil, em qualquer estabelecimento comercial do tipo.
A gente consegue reconhecer facilmente profissionais como o John: sempre metidos em ternos pretos, camisas brancas, gravatas vermelhas e indefectíveis aparelhos de comunicação a postos.
Mas a gente, em contrapartida, tem grande dificuldade de parar para pensar na rotina do John.
O sujeito não tem um segundo de sossego.
Vai de um lado a outro, como se escaneasse o ambiente. Sem tréguas.
O papel dele ali é inibir qualquer ação fora da ‘normalidade esperada’.
Você já imaginou o tamanho do desafio?
Dependendo do calendário… festas de fim de ano, dia das mães, temporadas de liquidação… pode haver pela loja, talvez, mais de uma centena de clientes perambulando afoito, feito mariposa em torno da luz.
E a segurança de todos e da loja… está nas mãos do John.
Olhando com os olhos do John, vemos que algumas pessoas estão apenas circulando, outras provando itens nas cabines e muitas arriscando experimentar os produtos ali mesmo, nos próprios corredores.
A visão de John é mais ou menos como a de uma ilustração caótica de “Onde está Wally”?
Tudo misturado e acontecendo ao mesmo tempo.
Os consumidores, por sua vez, analisam detidamente as mercadorias que interessam a eles.
Olham, tocam e até as vestem. Sem cerimônia.
E o vigia John?
Faz o mesmo. Analisa tudo e todos.
Com a mesma ausência de cerimônia.
John foi treinado para manter-se vigilante a um padrão de comportamento e, assim, detectar qualquer sinal revelador de uma possível transgressão.
Você percebeu os diferentes tipos de foco que o protagonista dessa nossa história precisa exercer simultaneamente?
Bem, segundo Goleman não existe apenas um tipo de foco.
Três tipos de Foco
- Foco interno – atenção aos seus sentimentos, valores e capacidade de tomar decisões.
- Foco no outro – como você se relaciona e se conecta com outras pessoas.
- Foco externo – visão geral da situação
Anote aí uma outra mensagem valiosa: a sua capacidade de atenção tem efeito direto em todos os aspectos da sua vida.
E estamos falando aqui da habilidade de entender, aprender, ouvir e captar os sinais dados pelo outro.
E também do quanto é fundamental saber cruzar tudo isso com os nossos valores internos, e ainda alinhar com as informações do cenário geral à nossa volta.
Foi exatamente isso que vimos no exemplo do vigia John.
E é exatamente isso que precisamos aprender.
Ah, mas João Francisco eu sempre tive problemas de concentração…
Ok, certamente, algumas pessoas têm uma facilidade maior de concentração e foco.
A boa notícia é que tudo pode ser treinado, melhorado.
Basta querer.
Não sucumba ao fatalismo. Não se vitimize. Aja.
Pratique o esforço ativo.
O envolvimento ativo da atenção significa um antídoto para o risco de se atravessar o dia com um automatismo de zumbi, ensina Goleman.
Uma atenção focada e frequentemente orientada a resultados inibe hábitos descuidados.
Analise o que diz o CEO da Salesforce, Marc Benioff.
“Novas ideias não irão surgir se você não se der essa permissão”
Percebeu?
Neste momento, dificilmente você não estará sendo impactado pelo tsunami de notícias, e-mails, telefonemas, tweets, chats… e, pode confessar, inclusive já deve ter checado o celular mais de uma vez para ver o que chegou com os novos alertas que saltaram na sua tela do smartphone.
Não quero parecer exagerado, mas possivelmente, mesmo sem saber, você pode sofrer do novíssimo mal chamado de FoMO – Fear of Missing Out – o medo desesperado de ficar por fora do que acontece nas redes sociais. Mas isso é tema para outra conversa.
Não vamos nos dispersar.
Foco!
Imitamos os Scanners
Gloria Mark, do Departamento de Informática da Universidade da Califórnia, fez uma pesquisa em que monitorou um grupo de trabalhadores, passando a medir o tempo de tudo o que faziam.
Isso foi no início dos anos 2000. Esse estudo revelou que os profissionais estudados mudavam o foco de atenção a cada três minutos.
Dez anos depois, o estudo foi refeito.
E adivinhem?
O tempo de atenção despencou de três minutos para 59 segundos.
O que isso significa?
Vou responder com um outro estudo, desta vez da Humboldt University, na Alemanha.
O nosso cérebro leva cerca de 23 minutos para se concentrar completamente… e nós temos nos permitido menos de 1 minuto de atenção contínua…
É lógico que essa conta não fecha!
Goleman ensina que selecionar um foco exige inibir muitos outros.
Ou seja, exige priorizar.
Nós já conversamos aqui neste canal sobre gestão do tempo e vimos que, via de regra, se alguma tarefa deixa de ser realizada, é grande a chance de que ela não fosse realmente uma prioridade para você.
Ao mesmo tempo, é importante ter em mente que tudo é uma questão de equilíbrio.
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Manter o foco requer esforço
Muito.
E ironicamente o excesso de exigência de foco pode gerar… a falta de foco!
Sabe o disjuntor que cai, quando tem sobrecarga?
É bem assim que funcionamos.
Então, é fundamental alternar picos de estado de atenção com práticas que permitam relaxamento, seja meditação, um esporte, música, leitura, uma conversa com amigos.
Situações, enfim, que nos deem prazer.
Em resumo, é importante lembrar que a gente não é máquina – apesar de muitas vezes querermos parecer.
Vemos muita gente hoje que, para sobreviver a este mundo altamente competitivo, bate no peito com orgulho para dizer que há 10 anos não tira férias, que usa os domingos para fazer cursos e trabalhar mais; que não precisa dormir mais do que 4 horas por dia…
E o pior:
muitas menosprezam quem não segue esse mesmo ritmo – insano e totalmente improdutivo.
O mundo delas gira em torno do próprio umbigo, o nível de empatia é zero.
E o disjuntor, lembra dele?
Bem, está ali, prontinho para cair…
Eu penso que, de tudo o que falamos aqui, a palavra mágica é equilíbrio.
E equilíbrio só se consegue com autoconhecimento.
Comece a olhar mais para você.
Enxergue mais com os olhos do outro.
E não queira ser um super-herói.
Busque ferramentas que ajudem na gestão de tempo.
A mesma tecnologia que rouba a sua atenção pode ser a sua grande aliada na recuperação desse tempo.
É tudo uma questão de perspectiva do olhar.
E se você chegou até aqui, saiba que o simples fato de se manter atento durante a leitura desse post, já valeu como um ótimo exercício para testar a sua tão importante capacidade de focar.
Vamos em frente!