Quais seriam os fatores que influenciam o comportamento das pessoas para que respondam SIM a um pedido seu?
Pois é, você vai conhecer agora e isso é ciência mesmo! Fundamentado em mais de 30 anos de pesquisa, o professor da Universidade do Arizona, Robert Cialdini, autor do bestseller “ As armas da Persuasão”, constatou 6 princípios ou armas de influência que governam nossa conduta.
Interessante isso, porque, influenciar, portanto, não é nenhum conhecimento mágico e sim científico. São atalhos mentais que fazem o cérebro consentir automaticamente. Evidente que para lograrmos maior êxito, precisaremos ter claro a compreensão do nosso público alvo e levar em conta que potencializaremos estes poderosos conhecimentos adotando uma postura íntegra, sincera e ética.
Bem, vamos lá:
O 1º. Princípio é o da Reciprocidade
O que você sentiria se um conhecido seu, recente, o convidasse gentilmente para participar de sua festa de aniversário? Estudos demonstraram que quase todo mundo se sente pressionado socialmente a devolver favores oferecidos a nós.
Quanto maior o favor, mais duradouro é o desejo de retribuir. Para aumentar nosso poder de persuasão entre os integrantes de nossa própria equipe, ou mesmo de clientes potenciais, devemos ajudá-los de alguma maneira.
Pode ser um favor, uma informação, uma lembrança, um serviço ou um presente, que seja significativo para a pessoa, inesperado e personalizado.
O poder da gratidão a favores não solicitados é muito mais forte até mesmo que o da simpatia, e dificilmente é visto como manipulatório, porque retribuir favores é uma norma social muito bem aceita.
O 2º. Princípio é o do Compromisso e Coerência
Quem não gosta de ser e parecer ser uma pessoa de atitudes coerentes? Assim, depois que fazemos uma escolha, enfrentamos pressões psicológicas para nos comportarmos de maneira coerente com o compromisso que assumimos.
Imagine que você agende uma reunião com um cliente e ao chegar lá você percebe que ele teria esquecido e assumido um outro compromisso. Você perdeu a viagem e o seu tempo.
O autor cita um exemplo em que uma pequena mudança, de modo a comprometer o cliente, pode aumentar sobremaneira a sua taxa de assertividade. Sugere que você pergunte ao agendar:
– você poderia me ligar, caso precise mudar a data de nossa reunião?
E que você, a seguir, não diga mais nada. Apenas aguarde o compromisso do cliente. Que ele afirme que SIM.
O autor relata num exemplo similar que o ato de se comprometer pode reduzir de 30% para 10% a taxa de cancelamentos sem aviso prévio.
O segredo é gerar perguntas que assegure um compromisso inicial que seja condizente com o que mais tarde, você deseja dele. E se houver compromisso de público, então, será um gatilho matador.
O 3º. Princípio é o da Aprovação Social
O que você sente quando os publicitários fazem questão de mostrar que um produto apresenta a melhor performance em vendas?
Eles sabem que:
- 95% das pessoas são imitadoras
- e apenas 5% são iniciadoras.
Deste modo, somos persuadidos a agir de acordo com o coletivo, levados mais pelas ações dos outros. Ou seja, o que a maioria faz, de certa forma, nos influencia.
Para mostrar como isso funciona na prática, o psicólogo cita um estudo que aponta como uma rede de hotéis conseguiu aumentar o reuso de toalhas nos quartos.
Deixar um bilhete dizendo que o reuso é importante para o meio ambiente não teve tanto impacto entre os clientes.
No entanto, havia um registro de que 75% dos hóspedes que permanecem pelo menos por 4 dias no hotel reutilizam toalhas em algum momento.
A estratégia foi levar essa informação a eles de um modo sutil, dizendo:
75% de nossos clientes reutilizam toalhas, faça como eles!
A tática fez o reuso de toalhas crescer 26%.
Veja um outro exemplo de Aprovação Social que é a chamada ignorância pluralista.
Simulado um acidente, um ator cai. A tendência dessa pessoa a ser socorrida quando há apenas um observador é de 85%.
Já quando o acidente acontece diante de uma multidão, essa taxa cai para apenas 31%, porque as pessoas geralmente observam o comportamento dos outras como numa espera de aprovação para diminuir a sua insegurança.
Acontece que o outro também está fazendo o mesmo, e as chances de socorro diminuem sobremaneira diante da multidão.
E o 4º. princípio é o Carisma ou Afinidade
Se você, como vendedor ou gerente ou como familiar, se coloca numa posição de semelhante ou de sincera empatia com o outro, estará muito mais perto de receber um SIM de quem você pretende convencer, influenciar, liderar.
Isso porque é da psicologia humana ter uma tendência a acatar pedidos de:
- Pessoas que conhecemos;
- Quem nos elogia;
- Quem coopera conosco.
Nos reality shows, é muito comum se dividir o grupo em dois times. Feita a divisão, imediatamente torna-se visível a tendência de um dos grupos a cooperarem entre si e odiarem os integrantes do outro oposto.
Cialdini menciona um experimento em que dois grupos de MBA foram orientados a negociarem de formas diferentes. O primeiro recebia a informação de que “tempo é dinheiro” e era direcionado a tentar fechar negócio o mais rápido possível.
O segundo grupo recebia a instrução de interagir um pouco mais com as pessoas com as quais iriam negociar.
O primeiro grupo conseguiu fechar 55% das negociações, enquanto o segundo atingiu o patamar de 90%.
Portanto, criar um elo com as pessoas presentes na negociação, é uma forma de aumentar o seu poder persuasivo.
O 5º. Princípio é o da Autoridade
Existe uma tendência em agirmos automaticamente a meros símbolos da autoridade.
Quando, em um comercial de televisão, um laboratório que vende creme dental coloca um dentista para dizer que recomenda aquela determinada marca – e não as outras (ainda que seja apenas um ator) – o marketing está usando a arma da autoridade. Se o especialista aprova, tendemos a acatar, evitamos pesquisar e acabamos decidindo pela compra.
Isso porque somos treinados desde cedo a confiar no:
- professor;
- médico;
- policial.
A roupa que se veste também influencia. Em apresentações e reuniões de negócios, pense em sempre se vestir de modo condizente.
Trajes como jaleco, farda, e terno pressupõem a ideia de autoridade, o que gera sensação de segurança instantânea às pessoas.
Porém, não é só isso:
O padrão de voz adequado, numa tonalidade pausada e grave, nos remete ao valor ancestral da autoridade.
Esse conjunto convergente atrairá para você mais persuasão e influência para a conquista do almejado SIM.
O autor traz um exemplo de uma imobiliária, cuja telefonista, ao receber uma ligação de um potencial cliente, menciona que irá passar para o Corretor (pronuncia seu nome) que possui 20 anos de experiência.
No exemplo pesquisado, isso elevou a taxa de agendamentos para visita à loja em 20% e um incremento nas vendas em 15%.
Autoridade, portanto, se administrado com discrição, sem exageros, é um gatilho mental poderoso.
O 6º. E último Princípio é o da Escassez
Imagine que você esteja determinado a morar em um condomínio e que, ao visitá-lo, o corretor dissesse, apontando para uma residência:
– Esta é uma das últimas casas ainda à venda.
Para nós, fica evidente que as oportunidades parecem mais valiosas quando estão menos disponíveis e por um tempo limitado.
O autor menciona o caso de uma companhia aérea que anunciou que cortaria em breve a rota entre Nova Iorque e Londres.
No dia seguinte ao anúncio, as vendas do trecho dispararam. Nada havia mudado no serviço da companhia. O vôo tinha se tornado apenas mais escasso.
A nossa aversão psicológica à perda é um recurso muito poderoso, nos faz reagir, e isso é amplamente utilizado pelos vendedores, líderes e formadores de opinião.
Assim, nunca devemos deixar de anunciar aquilo que torna único os nossos produtos. Esse é mais um recurso que aumentará automaticamente o seu poder de persuasão.
Portanto, vivemos num mundo complexo, com excesso de informações. Vamos precisar lidar com o fato de que a natureza das pessoas é optar por atalhos que facilitem suas decisões.
Estes 6 princípios são as armas da persuasão reconhecidas pela ciência e devemos cada vez mais compreendê-los, tirando o máximo proveito deles, bem como sabermos nos defender de atitudes reprováveis de profissionais oportunistas.
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Sobre o Autor
Robert B. Cialdini é um professor emérito de Psicologia e Marketing na Universidade do Estado do Arizona. É mais conhecido como o autor do best-seller As Armas da Persuasão